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Anne's Lupus - parte 1

De acordo com o Jonh Green em 'Cidades de Papel', todo mundo tem o seu milagre.
Uns ganhavam na loteria, outros adoeciam, e no livro, o milagre era Quentin ser vizinho de Margo. 
Eu percebi que eu tinha um milagre também, eu fiquei doente.



Foi um início de ano conturbado. Uma internação hospitalar desagradável - semanas dormindo à base de remédio - hidratação a partir de soro na veia, banho tomado com ajuda, alimentação só se alguém desse na minha boca, e por aí foram inúmeras dificuldades. A disfunção era renal, eles haviam parado, sim meus rins não queriam mais funcionar. Entretanto esse ainda não era o meu milagre. 

Era só uma consequência da doença que ainda viria a ser descoberta em meu corpo, só um detalhe que eu teria de cuidar, o monstro em mim era ainda maior. Como muitos dizem por aí, o lobo em mim acordou e simplesmente resolveu atacar. 

Depois de muitos exames, muitos remédios, eu viria a sair do hospital, ainda com suspeita do que causava aquilo tudo. Num dia eu estava em casa lutando contra a acne em meu rosto e no outro com a morte, ou a luta era com a vida, não sei. Tudo o que eu mais queria era me formar, continuar trabalhando, pintando o cabelo, maquiando o rosto, indo ao cinema, lendo livros, mas nada disso iria voltar a acontecer tão cedo - primeiro os médicos precisavam me dar um parecer.

Eu passei cerca de um mês negando a mim mesma aquela doença, eu não queria de jeito nenhum, não era possível que aquilo seria o meu milagre assim como Margo era o milagre de Quentin. 

Tudo ficaria mais fácil quando eu aceitasse a doença e começasse a trata-lá, mas dentro da minha cabeça, aquela vida não era minha, aquela doença não me pertencia, aquela Lúpus não era real. Eu precisava fazer uma escolha, ou eu convivia com a doença ou a doença conviveria comigo. 

Somente quando optei pela primeira que percebi o meu milagre - ao escolher conviver com a doença, a forma que eu encarava tudo, ficou de certa forma, mais leve, não por não sentir tanto, mas sim, por tentar ver do melhor ângulo possível. 

Texto: Anne Gusmão
Correção e adaptação: Tai Henkes 

2 comentários:

  1. Poxa, nem de longe sabia que tu passava por isso. Mas fico feliz por estar dando a volta por cima. Parabéns.

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  2. Surpreendente, como você! Te admiro muito, e mais a cada dia. Parabéns pela superação, pela reconquista da vida, por jogar sempre o jogo do contente ( Pollyana. Eleanor H. Porter.).

    Há coisa que acontecem em nossa vida pra nos tornar mais fortes, basta olhar do angulo certo.

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